.
.
- Quem és tu?
- Sou fruto do povo que virou suas costas para o mar, Sou filha dos apenados dos concretos que ainda acreditam que podem comprar sonhos verdadeiros.
Foi assim que ela procedeu, quando presa pelas forças policiais por manifestar seus sentimentos no muro da casa do senador Bico Fino de Sousa.
Estava exatamente onde queria mas, queria ir mais longe.
-Ela não fala coisa com coisa. Deve estar chapada.
- Sim. Acertou, senhor policial! - risos - Tenho overdoses de coração ardente, de calor humano mas isso, é um provérbio grego para tartarugas em carapaça de aço e pensamentos de galinhas.
- O que faremos com ela?
O capitão viu naquela moça o sentimento que ele, há muito não via em ninguém. Era como ele, quando jovem. Palavras, coração e garra:
- Deixe-me a sós com ela.
Todos sairam.
Aquela menina, que aparentava dezoito ou dezenove anos era pura coragem. Não baixava a cabeça, não temia, pelo menos, não demonstrava nenhum recuo em suas atitudes.
- Porque está aqui? - disse o capitão.
- Ora, vivo em um país que fala de liberdade de expressão. Mas, isso é puro placebo.
- Não te achas livre?
- Oh, liberdade! Vem de onde te escondes, se é que existe. Vem e me mostra que não é só mais um fato não comprovado como Deus.
- Pelo que vejo, faz faculdade. Mas, ainda teimo em acreditar que és só mais uma patricinha em um dia de Joana D'arc. "Vou mudar o mundo e salvar meu país!"
- Pague-me para pensar. Liberte-me para sonhar. Deixe-me voar mais alto que os pássaros e saber que alguma coisa nesse mundo de carnifissina, ainda vale a pena.
O capitão riu. Há tempos não tinha em sua frente pessoa tão liberta quanto aquela. Queria ainda ser assim, mas, como ela mesma havia dito, agora, não passava de tartaruga em carapaça de aço, um gabinete de concreto.
- Tu tens talento, menina! - anotou seu e-mail em um papel - mande-me um e-mail, pelo menos para que eu saiba o seu nome. Quero ser o primeiro a comprar seu livro, quando publicá-lo.
Ela sorriu.
O capitão lenvantou de sua cadeira, chegou bem perto dela:
- Vai. Mas, não deixa que esse concreto todo aprisione sua alma como a minha, quando a abandonei.
- Quando a borboleta abandona o casulo, sente-se livre, ignora a poluição que a matará. - ela sorriu e ganhou a rua.
.
Nunca mais se viram.
2 comentários:
(ta só agora consegui terminar de ler, andava meio sem vontade de ler nada e tal, dai ficou aperto aqui todo esse tempo =T desculpa não ler antes...)
Cara MUITO MUITO BOM!!!
x)
Parabéns!! =)
=**
bah... mtooo tri... volto mais seguido... ;)
Beijos...
Postar um comentário