eposódio de hoje: Sorriso cinza errando para o nada.
Era um dia qualquer, cinza, feio e chato. Rússia Roleta ainda não acordara mas, mamãe já preparava o café e cantava.
Mesmo pensando que ainda era muito cedo, as dez e meia, Rússia acordou. Não gostava dos dias chuvosos, preferia os de sol radiante. Dias cinzas pareciam as velhas lembranças do álbum de fotografias da vovó.
Olhou para o lado e viu Palito sorrindo. “será que ela sorri para esse dia cinza? Palito é mesmo uma boneca feia e boba! Sorri para tudo, nunca usou uma tesoura nem escovou os dentes sozinha. Chata!!!!!”. Rússia estava com raiva, antes mesmo de levantar.
Não sabia o que mas, alguma coisa precisava ser feita.
Foi até o banheiro enquanto pensava. Entrou na cozinha:
- Bom dia, filha! – disse mamãe.
- Oi, mãe!
- Leite?
- Não, mãe!
Voltou ao quarto:
- Está feliz pelo dia, Palito?
Nenhuma resposta saiu da boquinha da boneca.
- Dia de fotografia velha não é legal, não sorria!
E pegando Palito pelos braços, levou-a até a janela e pensou em deixa-la de castigo alguns minutos sentindo o frio de um dia cinza. Mas, os bracinhos de Palito não deram um nó consistente e ela caiu do segundo andar.
Rússia assassinara sua amiga.
Ao constatar isso, o desespero tomou o esôfago da garota e subiu até a garganta em forma de um grande choro.
- Buááááááááááá!
- Filha, o que aconteceu? Está machucada???? – mamãe acudiu assustada.
- Buááááááááááá!
- Calma, o que foi que aconteceu????
E entre fungadas e lágrimas, enfim, Rússia Roleta conseguiu dizer:
- Eu matei a Palito, mamãe!
- Como assim, filha????
- Ela estava sorrindo como boba, quis dar um susto mas... mas... ELA CAIU DA JANELAAAAAAAAAA!!! VOU SER PRESAAAAA! ='''((
Mamãe correu lá fora. Palito jazia lívida ao chão. No colo, a matriarca levou sua quase filha para dentro:
- Ela está morta??? – Rússia estava com medo.
- Não, mas, acho que quebrou a perna e está com alguns esfolados. Arruma a sua cama pra ela.
Roleta não sabia o que dizer mas, ficou ali com Palito até mamãe voltar do quarto com a caixinha de primeiros socorros.
Depois imobilizar a perninha com uma atadura e por um band-aid na testa da doente mamãe virou-se:
- Rússia, precisamos conversar sobre isso.
- Sim, mãe! – lá vinha bomba.
- Filha, o que você fez hoje é algo muito feio. Você desrespeitou a vontade da Palito. As pessoas têm o direito de rir, chorar e, inclusive, ter soluços e você não pode invadir assim a vontade dos outros.
- Desculpa, mamãe!
- Você tem que pedir desculpas a sua amiga. – mamãe estava com cara de dever cumprido.
- Hey! Palito, as vezes eu não penso nas coisas. Tenho muito o que aprender ainda, sabe? Eu agi muito mal, hoje. Você poderia ter morrido. Mas, eu queria que soubesse que eu te adoro e que você é muito importante para mim. De agora em diante, se você quiser rir do palhaço chato do desenho, eu compreenderei. Desculpa!!!!
Palito não falou nada, apenas sorriu seu sorriso amarelo de sempre.
- Mãããããããe! Traz a TV, eu e Palito queremos assistir “A pantera” com pipocas.
Todos sabiam que a melhor coisa a fazer num dia de fotografia velha é uma nada bem grande embaixo das cobertas, assistindo TV e rindo.
(= Cogumela!
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