[[ no ponto ]]

Eu estava esperando o ônibus quando alguém sentou-se ao meu lado:
- Oi?
Eu não respondi, não ando muito disposta a papos aleatórios mas, o vivente continuou:
- Sabe, sou uma pessoa pé no chão. Não costumo me iludir e muitos até dizem que sou fria. Não caminho em lago congelado, não atiro de estilingue pra não atingir vidraças nem me aventuro de carro por ai.
Eu olhei de canto, me sentindo numa sala onde eu era a analista. Próximo passo: pegar uma caderneta e apontar o relato mas, permaneci imóvel:
- Tá, eu sei que me pretejo de mais. Não me entrego por ter medo mas, muitas vezes me jogo de cabeça, consciente. Dessa vez, EU QUERO me jogar. Surgiu alguém que me faz sonhar, que me dá medo e ao mesmo tempo alegria. Alguém que eu não conheço mas, que confio. Que não está perto mas que me faz pensar que está. Sabe, pensando dessa forma tudo se torna tão mais possível! É incrivelmente assustador. Penso, procuro, quero, desejo. Um ser de carne, osso e sentimentos. Oposto, diferente, incomum... me diverte, me preocupa mas, me faz tão bem que quero cada vez mais perto. Tem olhos de caleidoscópios, únicos. Incomparável...
Então encostou um ônibus:
- Obrigada pela conversa. Estava precisando!
E com um sorriso, assim como chegou se foi. Eu nunca soube nem nome e nem se ao se jogar de cabeça sofreu traumatismo mas, acredito que não.

Cheio de entrelinhas, por entre arranha ceus direto num coração!


=) Cogumela!!!