terça-feira, 31 de agosto de 2010

[[ Adultecendo ]]

E sem perceber nascemos lesmas, desprotegidas. Porém nascemos cheias de espanto e curiosidades, vamos para lugares úmidos, procuramos alguma água, lugares quentinhos, entramos nos banheiros para ver o que acontece por lá e andamos nas calçadas ensolaradas após uma chuva de verão, lesmas felizes.
Os dias passam e nós vamos crescendo - se é que posso chamar isto de crescimento - criamos com o tempo concha, sentimos necessidade de nos proteger e limitamos o nosso espanto e as nossas motivações. Viramos ostras e nos fechamos nos nossos mundos medíocres achando que somos fortes porque somos conchas. No fundo é tudo engano porque não somos, nem nunca seremos, esta carapaça que nos volteia, somos aquela lesma mole e desprotegida, porém agora com uma necessidade tremenda de se fechar em idéias singulares, retamados de soberba e de uma auto-glorificação que não passa de algo mole como gelatina capaz de derreter com o calor.
Chega então uma hora em que a maré ou algo duro como o tempo quebra a concha, revela aquele existir mole, vívido que parecia forte mas não passava de imaginação. Fora da concha volta a existir a lesma que agora sente-se idosa para sonhar, cansada para descobrir mais coisas sobre o mundo e é motivo de piada por ostras em conchas. Fragilizada, essa ostra cede espaço e vira história. Algumas delas foram incapazes de produzir alguma pérola, mas a maioria produziu e ninguém notou.

Relaxa... é só uma metáfora.

Nenhum comentário: