Era um dia mais quente do que o esperado, numa primavera qualquer. O dia era um qualquer e ela estava gripada há tempos infindos. O estado de gripe a impossibilitava de sensação de cheiro ou sabor, mas ela já estava quase recuperada.
Faminta, a moça foi até a geladeira. Num movimento automático, encontra e pega uma manteiga de boa qualidade que, para ela, nesses dias, equivalia ao sabor de uma margarina barata do tipo cremosa. Fez uso de torradinhas encontradas ao acaso no armário dos pães e tudo transcorria na maior banalidade, sem imprevistos.
Eis que, ao passar a manteiga de boa qualidade na superfície da torradinha e levá-las a boca algo mágico aconteceu:
- O contato da manteiga de boa qualidade, que preenchia superficialmente da torradinha, com as papilas gustativas da língua da menina, esta ultima fechou os olhos; neste momento teve suas faculdades do entendimento ajustadas de forma a produzir a imagem de uma vaca suíça num campo verde vivo sendo ordenhada por um cidadão vestido de macacão jeans. O ordenhador permanecia sentado em um banquinho baixo e guardava o leite proveniente dos tetos do animal num grande balde de lata gerando um som agradabilíssimo.
CONCLUSÃO: A manteiga só e boa quando, ao ingeri-la, temos consciência da vaca que lhe deu origem.
² Segundo o filósofo Kant, identificamos esta cena como ápce da Expressão Estética.
Nenhum comentário:
Postar um comentário