Para nós, os derrotados, é digno morrer na praia com a boca cheia de peixe.
Enquanto podridão, o peixe é; e existe como parte na nossa natureza derrotada: aquele que carece de méritos, felicidade ou honradez, o que perece.
Contudo, assim como a incapacidade de aceitação dos fatos é típica do homem, é do seu agir, inclusive, a esperança. E esta última vem de encontro a nascividade carente do humano. Ela o engana.
Assim, o homem enquanto ser que existe como ente carente das qualidades necessárias para alcançar vitórias, passa a vestir o auto-engano como traje. Então, da destruição passa-se a pensar na construção. Mas isto não é, não existe e nunca será. O homem só existe enquanto o que é, não pode ser diferente. Em outras palavras, da destruição não gera-se construção possível. O que é carente não pode ser completo, pois o todo não carece de parte alguma. Assim, a esperança faz com que o homem derrotado iluda-se com a possibilidade de alcançar méritos, honras e virtudes que nunca virão-a-ser enquanto ele existir no mundo.
Podemos esquecer das derrotas. Mas ela enquanto coisa que é, enquanto parte de nós os derrotados, será para sempre enquanto existirmos. Nunca seremos completos enquanto não acabarmos.
Um comentário:
Não pude deixar de comentar.
Não seja modesta!
Tens as palavras certas, parabens amada! Saudades tua. Um beijo mas grande.
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