quarta-feira, 14 de março de 2012


E de repente foi como eu soubesse o que eu não queria ser no momento em que eu já estava sendo. Passei a pensar nisso enquanto continuava querendo, com alguma força, não o ser.
Resolvi então, não te ligar mais, com a certeza de que meu telefone não receberia mais nada vindo do teu. Você havia feito de nós, e tudo o que ainda nem éramos, uma disputa infantil. Não estava mais disposta a competir como uma criança de 5 anos pelo pedaço maior do bolo.
Não parava de lamentar aquelas outras paixões cadelas: aquela que conformamo-nos em não ser, aquele olhar que me arrepiava em plena tarde de mormaço e que não passaria de um amasso escondido. E a pior, aquela que se automutilou ao ponto do desconhecimento. Aquela transmutada em nada, em pus, porra, sangue, seringas reaproveitadas e decomposição fétida.
O que se passava comigo? Mesmo sem parar, saí do miolo da minha própria vida e, fora do meu eixo, estava às costas de mim mesma desaprovando todas as falsas verdades dos dias e de tudo o que vinha acontecendo.

Chega, é melhor eu dormir agora e sair para correr amanhã bem cedo. Quero um arco-íris quando abrir meus olhos. Quero o sangue que sai da minha garganta. Como o rancor de mim mesma cuspirei-o gota por gota. Hoje sou um mar em ressaca, logo, estarei em águas calmas. 'Que seja doce, repito todas as manhãs'

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