quarta-feira, 21 de abril de 2010

[[ Asas a ela ]]


Ela: estava ali sentada, aéra. Nem feliz, nem triste:

N.A.D.A.

Não estava.Eu vi.
Sentei: por milagre em silêncio, porque tenho aquela velha mania de falar com os pássaros, com sapatos...

Eu: alheio. Aleatório. Sentei quieto sem olhá-la.

Pouco tempo depois ela despejou sobre mim isso tudo como a catarata mais agressiva que eu já vi 'Não sou eu, faz muito tempo que não sou eu. E isso é bem triste! Porque quando não somos nós mesmo nem sabemos o que, ou quem, somos, não sabemos nada. Existem mil pessoas aleatóreas passando por mim, tu é aleatório e eu? Eu sou o algo mais aleatório dentro disso tudo, avussa para mim mesma."

Mantive meu silêncio.

Ela levantou e chamou para um café.

FOMOS:

Eu: sóbreo pela primeira vez em tempos, quase mudo, tentando mudar dessa vez algo para mim mesmo.

Duas xícaras de café, ela dois cigarros e eu esboços de sorrisos. Poucas palavras enquanto a observava.

Ela: asas, aérea buscando o pouso.

Rimos juntos algumas vezes enquanto a noite caiu e despedimo-nos com um: 'muito obrigada' unissom.
Nos encontramos mais algumas boas vezes para fazer as mesmas coisas, descobrimos nomes, demos nomes a lixos e cachorros da rua e cada um foi para seu lado no fim do outono, sem saber que terminava.
Tudo assim meio aéreo, sublimante, saboroso como café, chocolate e os raios do sol na tardinha resfriada. Vetores opostos agora.




Minhas saudades, Beathrix.
As flores vieram sem você...

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